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Fantasma sem Lençol


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Vou nessa

Mas vou te observar

De lá

Das estrelas

Vou nessa

Por esses vagões

Em trilhos desconhecidos

De trens que não soltam fumaça

Vou deixar um será

Talvez eu volte

Cambaleando entre uma palavra e outra

Caminhando com você

Entre as luzes da rua

Correndo da chuva

Nas fases da lua

Entre os pingos no asfalto

Desviando das poças

Nas voltas intermináveis

Que não voltam mais

Vou nessa

Simples

Porém

Sorrindo

No começo

Do que seria uma continuação

De vagar

De pressa

É, vou nessa

Meu coração fica

Meus futuros imprecisos

Minha imaginação

Naquele abraço rápido

Vou nessa

Rascunho de um rabisco

Longe na estrada

Inquieto como o seu cigarro

Te vejo nas lonas

Do circo

Do nosso circo

Nas músicas

Que dançam em volta de você

Da peça que ensaiamos juntos

E que era o que faltava

Para tudo funcionar perfeito

Vou nessa

Lembrando do seu sorriso perene

Singelo

Porém, sem graça

Vou nessa caminhada

Na nossa caminhada

Nos apelidos

Criativos

Esquisitos

Insistente

Congelados

Boa tarde

Tentando te fazer rir

Não de nervoso

Vou nessa

Mas ainda vou te ver dançando

Num daqueles giros da memória

Tentando não pisar nos seus pés

Tentando não pisar nas cartas

Que a vida joga com a gente

Tentando entender

Quando devo te abraçar

E fingir que foi sem querer

E não soltar nunca mais

Com a desculpa de que somos almas gêmeas

Ou que foi o destino

Me desequilibrando

Ou qualquer coisa

Que passe pela minha cabeça

Tão rápido quanto esse carro na estrada

Tão sincero quanto esse meu sorriso sem graça

Vou nessa

Tentei levar seu isqueiro embora

Para ver se alguma daquelas faíscas

Acenderia uma fogueira quando eu estivesse longe

Me aquecendo

Acampado

Distante

Em meus pensamentos

Fica com um pouco deles

Eles não vão te deixar mesmo

Logo ali

Estou de volta

Em uma hora extra

Ou em outra hora

Armando de novo

Como sempre

Um pirata fantasma

Improvisando o seu próprio destino.


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