Fantasma sem Lençol
- Loris Reggiani

- 6 de ago. de 2020
- 1 min de leitura

Vou nessa
Mas vou te observar
De lá
Das estrelas
Vou nessa
Por esses vagões
Em trilhos desconhecidos
De trens que não soltam fumaça
Vou deixar um será
Talvez eu volte
Cambaleando entre uma palavra e outra
Caminhando com você
Entre as luzes da rua
Correndo da chuva
Nas fases da lua
Entre os pingos no asfalto
Desviando das poças
Nas voltas intermináveis
Que não voltam mais
Vou nessa
Simples
Porém
Sorrindo
No começo
Do que seria uma continuação
De vagar
De pressa
É, vou nessa
Meu coração fica
Meus futuros imprecisos
Minha imaginação
Naquele abraço rápido
Vou nessa
Rascunho de um rabisco
Longe na estrada
Inquieto como o seu cigarro
Te vejo nas lonas
Do circo
Do nosso circo
Nas músicas
Que dançam em volta de você
Da peça que ensaiamos juntos
E que era o que faltava
Para tudo funcionar perfeito
Vou nessa
Lembrando do seu sorriso perene
Singelo
Porém, sem graça
Vou nessa caminhada
Na nossa caminhada
Nos apelidos
Criativos
Esquisitos
Insistente
Congelados
Boa tarde
Tentando te fazer rir
Não de nervoso
Vou nessa
Mas ainda vou te ver dançando
Num daqueles giros da memória
Tentando não pisar nos seus pés
Tentando não pisar nas cartas
Que a vida joga com a gente
Tentando entender
Quando devo te abraçar
E fingir que foi sem querer
E não soltar nunca mais
Com a desculpa de que somos almas gêmeas
Ou que foi o destino
Me desequilibrando
Ou qualquer coisa
Que passe pela minha cabeça
Tão rápido quanto esse carro na estrada
Tão sincero quanto esse meu sorriso sem graça
Vou nessa
Tentei levar seu isqueiro embora
Para ver se alguma daquelas faíscas
Acenderia uma fogueira quando eu estivesse longe
Me aquecendo
Acampado
Distante
Em meus pensamentos
Fica com um pouco deles
Eles não vão te deixar mesmo
Logo ali
Estou de volta
Em uma hora extra
Ou em outra hora
Armando de novo
Como sempre
Um pirata fantasma
Improvisando o seu próprio destino.











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